AS
REPRESENTAÇÕES DA INFÂNCIA NA MÍDIA IMPRESSA EM MATO GROSSO NOS ANOS DE 1930 A
1945 - UFMT – 2013
Compartilho
com vocês o tema da minha pesquisa em educação concluída no ano de 2013. Nela
tive a oportunidade de discorrer um pouco sobre a história da infância em Mato
Grosso entre os anos de 1930 e 1945 durante a conhecida Era Vargas. A princípio,
a história da infância parece um tema menor nas pesquisas educacionais e
históricas. No entanto, esse período ou fase da vida humana, no qual todos nós
passamos um dia, constitui-se preocupação de governos e de práticas políticas
em todo o mundo. Tais preocupações - como desenvolvimento, saúde e educação,
entre outros -, se devem pelo fato de representamos as crianças como homens e
mulheres do futuro, como construtores de uma nação, de um país forte e
desenvolvido. Em muitos discursos históricos e contemporâneo isso se torna
muito evidente.
Desse
modo, a infância brasileira passa a ser campo privilegiado de intervenção
social na primeira metade do século XX, momento em que se constituem as
primeiras políticas públicas voltadas para o seu atendimento. Assim, a pesquisa
teve como foco as representações da infância em jornais e revista, que
circularam em Mato Grosso, nos anos de 1930 a 1945, com o objetivo de
compreender como determinadas concepções de infância passam a ser norteadoras
de políticas públicas voltadas à criança e ao seu atendimento. Tratou-se, no
contexto do Estado de Mato Grosso, analisar como a infância é tomada pelas
ações políticas, como campo de intervenções sociais, de modo que fenômenos
relativos à população infantil passam a ser categorizados, mensurados e
prescritos ao fazer desse tempo de vida alvo de poder. A pesquisa é histórica, e
teve como fontes os jornais que circularam entre os anos de 1930 e 1945, como
“O Estado de Mato Grosso”, “A Cruz”, e a revista cuiabana de variedades “A
Violeta”. Foi observado como as representações de infância são atravessadas por
uma forte preocupação com o futuro da nação e seu desenvolvimento, que, por sua
vez, se materializa nas políticas de assistência e de educação das crianças,
atreladas a uma política nacional mais ampla em consonância com os ideais e
aspirações do Governo Vargas, como a construção do “novo homem brasileiro”, o
desenvolvimento da nação e o fortalecimento do Estado.
Creio
que pesquisas como essa ajudam historiadores e educadores e a sociedade como um
todo a pensar sobre que tipos de políticas podemos almejar para nossas
crianças, de modo que as pensemos não somente em termos de futuro, mas nas
crianças como sujeitos singulares, particulares e no tempo presente. Na pesquisa
que realizei, analisei como a infância esteve ligada ao projeto político da Era
Vargas, principalmente a partir da instituição do Estado Novo (1937-1945), da
nação que se queria construir. Ainda hoje, nas lutas legítimas pela infância
mais pobre, no combate à sua condição de miséria, fome e melhores condições de
educação e saúde, como a do Programa Brasil Carinhoso, a infância está
intimamente ligada ao projeto político de construção de um país desenvolvido e
forte.
A
preocupação com a infância não pode ser um dado subordinado ao tema
desenvolvimento, mas pensada como uma questão pública, pois se relegarmos a
infância apenas à perspectiva econômica, colocamos em risco a civilização, e
com possibilidade à barbárie, ao negarmos que as crianças tem suas próprias
necessidades e particularidades, independente do contexto econômico em que
estão inseridas.
Ozéas de Oliveira - professor de História na rede estadual de ensino - Mato Grosso.
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