quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

OS EFEITOS DA LEITURA: MIREM-SE, INSPIREM-SE



OS EFEITOS DA LEITURA: MIREM-SE, INSPIREM-SE

Mãe do 1º lugar no IFRN conta: "pegava livros no lixo e lia para eles"

Fonte: uol educação

Primeiro lugar no IFRN, Thompson Vitor, 15, posa ao lado da mãe, Rosângela, que o ensinou a gostar de ler


A história do adolescente Thompson Vitor, 15, poderia ter passado longe dos estudos. Filho de uma ex-catadora de lixo, o jovem investiu alto na educação e foi aprovado no curso de multimídia do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte).
Com a nota 846 -- numa escala que vai até 1.000 --, ele foi o primeiro colocado geral na seleção do instituto. A matrícula para o curso ocorreu na terça-feira (24), e as aulas começam no dia seis de maio no campus Cidade Alta, na capital do Rio Grande do Norte.
Filho do meio, Thompson mora em uma pequena casa alugada por R$ 300 no Paço da Pátria, zona leste de Natal. Na infância, a família morava na favela da Maré, uma região ainda mais pobre que a atual e marcada pela violência e pelo tráfico de drogas. Foi uma atitude da sua mãe que o levou para uma vida voltada aos estudos.

Livros no lixo

Rosângela em uma foto da época em que era catadora: pegava livrinhos que os ricos jogavam fora, conta

"Eu catei lixo por 10 anos e passava sempre pelos locais onde os ricos moravam, ali achava livrinhos. Trazia para eles, os botava sentadinhos. Não sabia ler muito, mas lia o que entendia para eles. Também lia livrinhos que as Testemunhas de Jeová davam, comprava a bíblias infantis. Eu os enchia de leitura, e eles iam aprendendo, foram tomando gosto", conta a mãe do jovem, Rosângela da Silva Marinho, 40, que cursou apenas até a 5ª série (atual 6º ano).
O jovem Thompson conta que está orgulhoso com o acesso a um curso num instituto federal, mas se disse surpreso com o resultado. "Se soubesse que tiraria uma nota tão boa teria feito outro curso. Estava inseguro, por isso tentei um curso novo, num campus perto de casa. É uma área que gosto, mas que não conhecia tanto", diz.
Para chegar à melhor pontuação na seleção do instituto, Thompson afirma que não precisou virar noites de estudo. "Até o ano passado estudava cinco horas por dia, mas ano passado estudei apenas duas. Sempre tive facilidade com aprendizado, gosto de ler", afirmou.
Após os quatro anos do curso técnico, ele já planeja estudar direito e, assim, quem sabe, dar uma vida melhor para sua família. "Não vou desistir do curso técnico, vou até o fim. Estou ansioso para começar as aulas e começar a ter novos conhecimentos", disse.
Segundo o IFRN, a seleção do instituto ofertou, ao todo, 2.400 vagas. O curso escolhido por Thompson teve concorrência de 9,29 por vaga e foi um dos mais disputados.

Para assistir ao vídeo aqui 

Pare ler direto do uol educação aqui

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

AS REPRESENTAÇÕES DA INFÂNCIA NA MÍDIA IMPRESSA EM MATO GROSSO



 AS REPRESENTAÇÕES DA INFÂNCIA NA MÍDIA IMPRESSA EM MATO GROSSO NOS ANOS DE 1930 A 1945 - UFMT – 2013




Compartilho com vocês o tema da minha pesquisa em educação concluída no ano de 2013. Nela tive a oportunidade de discorrer um pouco sobre a história da infância em Mato Grosso entre os anos de 1930 e 1945 durante a conhecida Era Vargas. A princípio, a história da infância parece um tema menor nas pesquisas educacionais e históricas. No entanto, esse período ou fase da vida humana, no qual todos nós passamos um dia, constitui-se preocupação de governos e de práticas políticas em todo o mundo. Tais preocupações - como desenvolvimento, saúde e educação, entre outros -, se devem pelo fato de representamos as crianças como homens e mulheres do futuro, como construtores de uma nação, de um país forte e desenvolvido. Em muitos discursos históricos e contemporâneo isso se torna muito evidente.
Desse modo, a infância brasileira passa a ser campo privilegiado de intervenção social na primeira metade do século XX, momento em que se constituem as primeiras políticas públicas voltadas para o seu atendimento. Assim, a pesquisa teve como foco as representações da infância em jornais e revista, que circularam em Mato Grosso, nos anos de 1930 a 1945, com o objetivo de compreender como determinadas concepções de infância passam a ser norteadoras de políticas públicas voltadas à criança e ao seu atendimento. Tratou-se, no contexto do Estado de Mato Grosso, analisar como a infância é tomada pelas ações políticas, como campo de intervenções sociais, de modo que fenômenos relativos à população infantil passam a ser categorizados, mensurados e prescritos ao fazer desse tempo de vida alvo de poder. A pesquisa é histórica, e teve como fontes os jornais que circularam entre os anos de 1930 e 1945, como “O Estado de Mato Grosso”, “A Cruz”, e a revista cuiabana de variedades “A Violeta”. Foi observado como as representações de infância são atravessadas por uma forte preocupação com o futuro da nação e seu desenvolvimento, que, por sua vez, se materializa nas políticas de assistência e de educação das crianças, atreladas a uma política nacional mais ampla em consonância com os ideais e aspirações do Governo Vargas, como a construção do “novo homem brasileiro”, o desenvolvimento da nação e o fortalecimento do Estado. 
Jornal: O Estado de Mato Grosso, 21 de outubro de 1939 - "As irmãs Dione, as cinco gêmeas do Canadá, que de tanta popularidade gozam hoje no mundo inteiro, têm em Mato Grosso três rivaiszinhos. Trata-se dos gêmeos Haroldo Crsitovam, Aécio Flávio e Marcelo Renato, filhos do casal Umberto Miranda - Alzira Jorge Miranda, residente em Campo Grande. Os três gêmeos de Campo Grande, que contam apenas três anos de idade, ainda incompletos, nada ficam a dever, em graça, robustez e eugenia, como se pode verificar, numa rápida comparação, pela gravura, às famosas Dione canadenses".  


Creio que pesquisas como essa ajudam historiadores e educadores e a sociedade como um todo a pensar sobre que tipos de políticas podemos almejar para nossas crianças, de modo que as pensemos não somente em termos de futuro, mas nas crianças como sujeitos singulares, particulares e no tempo presente. Na pesquisa que realizei, analisei como a infância esteve ligada ao projeto político da Era Vargas, principalmente a partir da instituição do Estado Novo (1937-1945), da nação que se queria construir. Ainda hoje, nas lutas legítimas pela infância mais pobre, no combate à sua condição de miséria, fome e melhores condições de educação e saúde, como a do Programa Brasil Carinhoso, a infância está intimamente ligada ao projeto político de construção de um país desenvolvido e forte.
A preocupação com a infância não pode ser um dado subordinado ao tema desenvolvimento, mas pensada como uma questão pública, pois se relegarmos a infância apenas à perspectiva econômica, colocamos em risco a civilização, e com possibilidade à barbárie, ao negarmos que as crianças tem suas próprias necessidades e particularidades, independente do contexto econômico em que estão inseridas.    

Ozéas de Oliveira - professor de História na rede estadual de ensino - Mato Grosso.