OS EFEITOS DA LEITURA:
MIREM-SE, INSPIREM-SE
Mãe do 1º lugar no IFRN conta:
"pegava livros no lixo e lia para eles"
Fonte: uol
educação
Primeiro lugar no IFRN, Thompson Vitor, 15, posa ao lado da mãe, Rosângela, que o ensinou a gostar de ler |
A história do adolescente Thompson
Vitor, 15, poderia ter passado longe dos estudos. Filho de uma ex-catadora de
lixo, o jovem investiu alto na educação e foi aprovado no curso de multimídia
do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte).
Com a nota 846 -- numa escala que vai
até 1.000 --, ele foi o primeiro colocado geral na seleção do instituto. A
matrícula para o curso ocorreu na terça-feira (24), e as aulas começam no dia
seis de maio no campus Cidade Alta, na capital do Rio Grande do Norte.
Filho do meio, Thompson mora em uma
pequena casa alugada por R$ 300 no Paço da Pátria, zona leste de Natal. Na
infância, a família morava na favela da Maré, uma região ainda mais pobre que a
atual e marcada pela violência e pelo tráfico de drogas. Foi uma atitude da sua
mãe que o levou para uma vida voltada aos estudos.
Livros no lixo
Rosângela em uma foto da época em que era catadora: pegava livrinhos que os ricos jogavam fora, conta |
"Eu catei lixo por 10 anos e
passava sempre pelos locais onde os ricos moravam, ali achava livrinhos. Trazia
para eles, os botava sentadinhos. Não sabia ler muito, mas lia o que entendia
para eles. Também lia livrinhos que as Testemunhas de Jeová davam, comprava a
bíblias infantis. Eu os enchia de leitura, e eles iam aprendendo, foram tomando
gosto", conta a mãe do jovem, Rosângela da Silva Marinho, 40, que cursou
apenas até a 5ª série (atual 6º ano).
O jovem Thompson conta que está
orgulhoso com o acesso a um curso num instituto federal, mas se disse surpreso
com o resultado. "Se soubesse que tiraria uma nota tão boa teria feito
outro curso. Estava inseguro, por isso tentei um curso novo, num campus perto
de casa. É uma área que gosto, mas que não conhecia tanto", diz.
Para chegar à melhor pontuação na
seleção do instituto, Thompson afirma que não precisou virar noites de estudo.
"Até o ano passado estudava cinco horas por dia, mas ano passado estudei
apenas duas. Sempre tive facilidade com aprendizado, gosto de ler",
afirmou.
Após os quatro anos do curso técnico,
ele já planeja estudar direito e, assim, quem sabe, dar uma vida melhor para
sua família. "Não vou desistir do curso técnico, vou até o fim. Estou
ansioso para começar as aulas e começar a ter novos conhecimentos", disse.
Segundo o IFRN, a seleção do
instituto ofertou, ao todo, 2.400 vagas. O curso escolhido por Thompson teve
concorrência de 9,29 por vaga e foi um dos mais disputados.
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