A literatura Young Adults, abreviada para YA-Lit ou
simplesmente YA, é um gênero da ficção destinado a jovens e adolescentes que se
interessam por temáticas adultas. Diferencia-se do gênero infantojuvenil por
deixar de lado a inocência das personagens e abrir espaço para temas como
identidade, sexualidade, política, suicídio, drogas, doenças, morte e bullying,
entre outros.
Nos últimos anos, tanto no mercado editorial estrangeiro
quanto no nacional, a literatura Young Adults cresceu de forma vertiginosa e
tem chamado a atenção. Livros como “A Culpa é das Estrelas”, de John Green, e “Jogos
Vorazes”, de Suzanne Collins, ocupam a lista dos mais vendidos e são expostos
nas vitrines das livrarias. No Brasil, além dessas obras serem traduzidas e
publicadas, algumas editoras, como Record e Gutenberg, apostam em escritores
brasileiros. Paula Pimenta, com sua série “Fazendo Meu Filme” e Thalita
Rebouças, com sua coleção de crônicas “Fala Sério”, são populares entre os
adolescentes.
Diante disso, algumas escolas têm trabalhado seus planos de
leitura incluindo títulos relacionados ao YA. A “A Culpa é das Estrelas”, por
exemplo, é uma obra que permite ao professor de Língua Portuguesa trabalhar
desde gramática a debates ou redações. A mesma obra serve de base para
professores de Sociologia e Biologia trabalharem o tema “câncer” e outras
doenças. O professor de Literatura pode apontar intertextualidades entre o
romance de John Green e outras obras que incitem questões existenciais.
“A Culpa é das Estrelas” também é interessante por citar “O
Diário de Anne Frank”. O livro de relatos de uma garota que vivenciou a Segunda
Guerra Mundial voltou para a lista dos mais vendidos e hoje é bastante
procurado por jovens.
Seguindo esse exemplo, pais e professores têm orientado os
estudantes no sentido de partir da Young Adults ao encontro dos clássicos. A
série de fantasia urbana “Percy Jackson e os Olimpianos”, de Rick Riordan,
apresenta as aventuras de um menino que descobre ser filho de Poseidon – o deus
grego dos mares e oceanos – e serve de entrada para a leitura de “Odisseia” e
“Ilíada”, de Homero, além de outras leituras relacionadas à Mitologia Grega.
Muitas obras YA são adaptadas para o cinema. Romances
distópicos, como “Jogos Vorazes” e “Divergente”, ganham efeitos especiais e
muita ação para embalar as tramas sobre governos ditadores e opressivos.
Na obra de Suzanne Collins, Panem é um país dividido em 12
distritos e a Capital, onde antes existiram os Estados Unidos. A Capital é uma
cidade de luxo e esbanjamento, sustentada pelos distritos, cujos moradores
vivem na pobreza. Na história de Panem, houve o Distrito 13, que se rebelou
contra a Capital e por isso foi destruído. Como forma de relembrar o que
acontece com rebeldes, 24 tributos, um garoto e uma garota de cada distrito,
são mandados para uma arena gigantesca todos os anos. Nesse lugar hostil,
precisam sobreviver às adversidades criadas por computadores e lutar uns contra
os outros, enquanto são televisionados para todo o país. Aquele que sobrevive
ganha fama e dinheiro.
Ficções distópicas e especulativas da literatura Young Adults
podem levar o leitor a se interessar por outros livros sobre governos
totalitários, como “1984”, de George Orwell, “Admirável Mundo Novo”, de Aldous
Huxley, e “Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury. Professores de História podem
comparar com os estudantes as ficções e os fatos históricos. Em que se assemelha
e se diferencia a censura abordada em “Fahrenheit 451” da censura sofrida pelos
brasileiros nas ditaduras militares? A exemplo de “Jogos Vorazes” e “1984”,
como os meios de comunicação podem influenciar as pessoas a sentirem medo e
temer um governo?
A literatura Young Adults tem despertado o gosto pela leitura
em muitos jovens e adolescentes, como comprovam os milhares de blogs literários
mantidos por eles. Esses blogs publicam resenhas e indicações e são bastante
acessados. Levar essas obras para a sala de aula é uma forma de convidar o
estudante para uma leitura feita para ele, uma leitura que pode se desdobrar e
avançar para outras leituras e outras disciplinas. Alguns jovens, inclusive,
acabam se interessando pela escrita também.
Jefferson Reis é pedra-pretense. É formado em Letras pela UFMT e concluiu o Ensino
Médio na escola “13 de Maio”. Publicou a crônica "A Primeira Página"
no livro de antologia “Crônicas da Fantasia”, organizada por Cristiano Rosa,
Editora Literata. Recentemente teve o
conto "Mal du Siècle" publicado na antologia "Devaneios
Improváveis - Segunda Antologia EntreContos", organizada por Gustavo
Araujo. O livro pode ser baixado gratuitamente em vários formatos digitais no
link:
http://entrecontos.com/2015/03/22/devaneios-improvaveis-segunda-antologia-entrecontos/
Fonte: Jornal "13 News"
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