quarta-feira, 3 de junho de 2015

Entre invenção, permanência e rupturas: o mundo do trabalho




Entre invenção, permanência e rupturas: o mundo do trabalho

10 profissões antigas que não existem mais

Site: Semana


O avanço tecnológico extermina profissões na mesma velocidade que cria novas, exigindo cada vez mais domínio técnico em substituição à força física ou uso do corpo como maquinário. O registro apontado neste post permite a verificação de modos de vida que ficaram no passado, pois as antigas profissões marcam contingências de sua época, preocupações (como a de acordar cedo, refrigerar comida) e soluções para as quais já inventamos maneiras melhores de lidar.

 1. Entregador de leite. Um dos alimentos de origem animal mais antigos consumidos pelo homem, o leite era distribuído em garrafas de vidro (em algumas regiões rurais ainda persiste essa prática), até que se desenvolvessem práticas de preservação como a pasteurização ou tivéssemos tecnologia para armazená-lo por mais tempo, como a refrigeração. O leite fresco diário era entregue de porta em porta por um profissional conhecido simplesmente como “garoto do leite”. Já não há mais esse tipo de emprego, nos locais em que o consumo do produto ainda é entregue em casa, a distribuição é feita pelo próprio produtor, numa economia informal (mesmo esse tipo de prática tem os dias contados, pois a vigilância sanitária proíbe a venda de leite sem que tenha passado pelos processos de higienização atuais).




 2. Arrumador de pinos de boliche. Popularizado na Europa e Estados Unidos durante a segunda metade do século XIX, o boliche empregava pessoas, normalmente crianças, para rearranjar os pinos após cada jogada. A brincadeira, que remonta ao antigo Egito (séc. IV a.C.), tem em sua história o uso de escravos para a tarefa, contudo, no mundo moderno, a arrumação dos pinos era profissão. Com o desenvolvimento de equipamentos mecânicos de reposição (várias soluções foram criadas, a mais comum era colocar fios de aço presos à ponta dos pinos), alguns arrumadores passaram a operar os equipamentos, até que o processo tornou-se totalmente eletrônico, dispensando essa mão de obra.



  3. Despertador humano. Essa profissão nasceu junto com o emprego, a partir da Revolução Industrial. Durante todo o século XIX um série de processos produtivos passaram da manufatura para a indústria, vilas de trabalhadores foram surgindo ao redor dos parques industriais. Nelas, havia um profissional encarregado de acordar as pessoas pela manhã, para que não perdesse na hora do trabalho. O primeiro despertador mecânico foi desenvolvido em 1847, pelo francês Antoine Redier, mas popularizou-se algumas décadas depois. Durante esse tempo, era comum encontrarmos nos vilarejos industriais uma pessoa com um bambu, ou vareta grande, com a qual batia à janela dos que o contratavam. Em alguns locais usava-se uma zarabatana por onde o despertador humano atirava pedras à janela do cliente. Curioso que hoje, até mesmo os despertadores mecânicos já estão sendo aposentados pelos celulares.
4. Cortador de gelo. Antes da invenção do refrigerador, das máquinas que produziam gelo (a primeira, a vapor, foi criada por James Harrison em 1856 para gelar a produção de uma cervejaria), manter alimentos preservados pelo frio necessitava do serviço dos cortadores de gelo, profissão obviamente restrita a países em que a água congelava naturalmente (há registros dessa prática no sul do Brasil, mas não como profissão). Em países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e outros países europeus, os cortadores de gelo eram encarregados de meterem-se nos lagos congelados, serrar grandes blocos de pedra de gelo, carregar uma carroça e levar à vila. A profissão era de alto risco, mas bastante lucrativa.

5. Escutador de artilharia aérea inimiga (pré-radar). Os conflitos bélicos são grande estimulante de desenvolvimento tecnológico. Toda guerra faz com que as partes envolvidas invistam em equipamentos que garantam alguma vantagem no combate. Na primeira guerra mundial, conflito cuja grande novidade bélica foi o uso do avião (o uso mortal da invenção teria motivado a depressão que culminou no suicídio de Santos Dumont). Para detectar a chegada dessa máquina assassina, engenheiros alemães e ingleses quebravam a cabeça para desenvolver um radar, um equipamento que permitisse adiantar a chegada de uma bateria aérea. Assim, surge a função de “escutador de artilharia aérea”. Veja as incríveis engenhocas:

6. Caçador de ratos. Dizer que a profissão foi extinta é desprezar os agentes anti-praga, ou dedetizadores modernos. Em certos casos, são chamados exclusivamente para exterminar ratos, mas no passado, era comum contratar os serviços de caçadores de roedores que, com seu equipamento e know how, entravam em sótãos, porões, bueiros, sistemas de esgoto, atrás dos temíveis ratos. Durante a Primeira Grande Guerra, com a escassez de alimentos, os especialistas encontraram uma segunda fonte de renda, comercializar os ratos para serem comidos. Veja as imagens abaixo:

7. Acendedor de lampiões. Antes do surgimento implantação das linhas elétricas, a luz das ruas públicas provinha de lampiões. No Brasil, apenas grandes centros urbanos contavam com o benefício, que exigia um profissional incumbido de acender, diariamente, as grandes lamparinas no alto dos postes (o mesmo era incumbido de apagá-los pela manhã). Os lampiões eram acesos com grandes varas, acesas na ponta, ou trazendo para baixo a lamparina (içando para o topo do poste depois de acesas). Na Europa foi sempre uma profissão assalariada, mas por aqui, além de profissão, era comum a realização do serviço por escravos a serviço de algum poderoso da região.

8. Operador de telefonia. As centrais telefônicas eram comuns até a gradual digitalização do serviço, por volta da década de 80. Apesar de ainda existir a profissão de telefonista, que realiza o primeiro atendimento em uma empresa de grande ou médio porte, fazendo a distribuição da chamada para o ramal desejado, a função está em extinção, sendo substituída pelas centrais digitais, com gravações de secretárias-eletrônicas. Mas a profissão já extinta diz respeito às centrais encarregadas de “completar a ligação”, realizando chamadas interurbanas e internacionais. No Brasil, como em quase todo o mundo, o serviço era realizado por uma empresa pública, a TELEBRÁS e suas subsidiárias regionais, como a TELESP, a TELERJ, a TELEMIG, etc.

9. Coletor de cadáveres para universidade. Aqui não se pode, categoricamente, chamar a atividade de profissão, visto que era ilegal. Sempre foi difícil a obtenção de corpos humanos para pesquisa científica, mas o ensino de medicina (um dos ramos mais antigos da ciência e das primeiras profissões certificadas e legitimadas pela instituição universitária) exigia esse material para aprendizagem e aperfeiçoamento no conhecimento. Assim, era comum a “contratação” dos serviços clandestinos dos “ressuscitadores”, que se encarregavam de invadir cemitérios públicos, fundos de igrejas em busca de covas para desenterrar cadáveres.

10.  Leitor para entreter trabalhadores da indústria. Parece incrível, mas era um cargo comum em grandes e pequenas fábricas, pessoas para ler jornais, revistas, ou mesmo livros inteiros ao longo da jornada de trabalho, como forma de fornecer melhores condições de trabalho, aliviando o tédio das atividades repetitivas a que os funcionários eram encarregados. A atividade começou a se popularizar no início do século, embora já houvesse registro desse tipo de função na Inglaterra em meados do século XIX. Os profissionais eram colocados em uma altura acima dos demais, para que sua voz se sobrepusesse. Normalmente o leitor profissional era contratado não pelo dono da indústria, mas pelos funcionários.


Fonte: Semana [...] em meio ao mar de signos

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Cantinho do Estreante





Enfrentando a Escola

Logo que o sol nasce, o garoto se levanta, toma banho e se arruma. Toma o café da manhã que sua mãe preparou e vai para a escola. No caminho, encontra seus amigos e todos seguem juntos, sempre com brincadeiras e comentários sobre o jogo de futebol da noite passada.
Assim que chega à escola, vai logo paquerar as meninas e “zoar” as amigas. Às 7:00h, bate o sinal de início de aula e todos vão para suas salas. O menino se junta com seus colegas. Faz suas atividades e muita bagunça.
No recreio, come o lanche e se junta à rodinha de amigos para conversar sobre futebol, mulheres. Às 7:10h retornam para a sala. Em sua contagem regressiva, o menino não vê a hora de ir embora e tenta se entreter com os colegas e fazer seus deveres.
E chega a tão esperada 11:00h e o pequeno estudante vai embora na maior euforia para chegar logo em sua casa. Ao chegar, vai direto para o fogão procurar o almoço, para depois aproveitar o resto do dia.
Jeniffer Martins e Lucas Caires – 3º “D”





Ela é Guerreira

Observando pela janela, lá a vi. Vinha pela calçada com trajes humildes e com a sua simplicidade dizia bom dia a todos que via pelo caminho. Reparei que carregava sacolas nas mãos. Deveriam ser pães. Pois eu havia notado que quase todas as manhãs ela ia até a padaria.
Ao entrar em casa, coloca as sacolas em cima da mesa e vai até o quarto acordar seus filhos para irem à escola. Batalhadora, também se arruma para ir trabalhar. Afinal, alguém tem que sustentar aquela casa! Já saindo de casa, dá a benção aos seus filhos e lhes deseja uma boa aula. Sabe que em seguida terá um longo caminho pela frente até chegar a seu destino. Como todos os dias, ela caminha, caminha, caminha, até chegar ao ponto de ônibus.
Assim que chega ao serviço, coloca o uniforme nas cores preto e branco e começa a faxina. A patroa reclama, diz que ela está chegando muito atrasada! Mas o que se pode fazer? É longe onde mora e ela depende de transporte público. Coitada! Além de sustentar seus filhos sozinha, tendo tantos problemas, ainda tem que aguentar a reclamação da patroa.
Depois de um dia cansativo, a vejo chegando em casa, e, apesar do cansaço, continua com um belo sorriso no rosto. Porém, o dia dela ainda não acabou, sempre tem tempo para dar carinho e amor aos seus filhos.
Pronto! Agora ela vai se deitar e quem tinha sido tão forte durante o dia derrama-se em lágrimas por ter sido abandonada injustamente por alguém que dizia ser seu companheiro na hora em que mais precisou. E como toda mãe nessa situação, ela se torna pai também, educando e lutando para dar um futuro melhor a seus filhos.
Luiz e Fabrina – 3º “D”

Fonte: Jornal "13 News"

terça-feira, 26 de maio de 2015

A Literatura Young Adults na sala de aula




A literatura Young Adults, abreviada para YA-Lit ou simplesmente YA, é um gênero da ficção destinado a jovens e adolescentes que se interessam por temáticas adultas. Diferencia-se do gênero infantojuvenil por deixar de lado a inocência das personagens e abrir espaço para temas como identidade, sexualidade, política, suicídio, drogas, doenças, morte e bullying, entre outros.
Nos últimos anos, tanto no mercado editorial estrangeiro quanto no nacional, a literatura Young Adults cresceu de forma vertiginosa e tem chamado a atenção. Livros como “A Culpa é das Estrelas”, de John Green, e “Jogos Vorazes”, de Suzanne Collins, ocupam a lista dos mais vendidos e são expostos nas vitrines das livrarias. No Brasil, além dessas obras serem traduzidas e publicadas, algumas editoras, como Record e Gutenberg, apostam em escritores brasileiros. Paula Pimenta, com sua série “Fazendo Meu Filme” e Thalita Rebouças, com sua coleção de crônicas “Fala Sério”, são populares entre os adolescentes.
Diante disso, algumas escolas têm trabalhado seus planos de leitura incluindo títulos relacionados ao YA. A “A Culpa é das Estrelas”, por exemplo, é uma obra que permite ao professor de Língua Portuguesa trabalhar desde gramática a debates ou redações. A mesma obra serve de base para professores de Sociologia e Biologia trabalharem o tema “câncer” e outras doenças. O professor de Literatura pode apontar intertextualidades entre o romance de John Green e outras obras que incitem questões existenciais.
“A Culpa é das Estrelas” também é interessante por citar “O Diário de Anne Frank”. O livro de relatos de uma garota que vivenciou a Segunda Guerra Mundial voltou para a lista dos mais vendidos e hoje é bastante procurado por jovens.
Seguindo esse exemplo, pais e professores têm orientado os estudantes no sentido de partir da Young Adults ao encontro dos clássicos. A série de fantasia urbana “Percy Jackson e os Olimpianos”, de Rick Riordan, apresenta as aventuras de um menino que descobre ser filho de Poseidon – o deus grego dos mares e oceanos – e serve de entrada para a leitura de “Odisseia” e “Ilíada”, de Homero, além de outras leituras relacionadas à Mitologia Grega.
Muitas obras YA são adaptadas para o cinema. Romances distópicos, como “Jogos Vorazes” e “Divergente”, ganham efeitos especiais e muita ação para embalar as tramas sobre governos ditadores e opressivos.
Na obra de Suzanne Collins, Panem é um país dividido em 12 distritos e a Capital, onde antes existiram os Estados Unidos. A Capital é uma cidade de luxo e esbanjamento, sustentada pelos distritos, cujos moradores vivem na pobreza. Na história de Panem, houve o Distrito 13, que se rebelou contra a Capital e por isso foi destruído. Como forma de relembrar o que acontece com rebeldes, 24 tributos, um garoto e uma garota de cada distrito, são mandados para uma arena gigantesca todos os anos. Nesse lugar hostil, precisam sobreviver às adversidades criadas por computadores e lutar uns contra os outros, enquanto são televisionados para todo o país. Aquele que sobrevive ganha fama e dinheiro.
Ficções distópicas e especulativas da literatura Young Adults podem levar o leitor a se interessar por outros livros sobre governos totalitários, como “1984”, de George Orwell, “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, e “Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury. Professores de História podem comparar com os estudantes as ficções e os fatos históricos. Em que se assemelha e se diferencia a censura abordada em “Fahrenheit 451” da censura sofrida pelos brasileiros nas ditaduras militares? A exemplo de “Jogos Vorazes” e “1984”, como os meios de comunicação podem influenciar as pessoas a sentirem medo e temer um governo?
A literatura Young Adults tem despertado o gosto pela leitura em muitos jovens e adolescentes, como comprovam os milhares de blogs literários mantidos por eles. Esses blogs publicam resenhas e indicações e são bastante acessados. Levar essas obras para a sala de aula é uma forma de convidar o estudante para uma leitura feita para ele, uma leitura que pode se desdobrar e avançar para outras leituras e outras disciplinas. Alguns jovens, inclusive, acabam se interessando pela escrita também.

Jefferson Reis é pedra-pretense. É formado em Letras pela UFMT e concluiu o Ensino Médio na escola “13 de Maio”. Publicou a crônica "A Primeira Página" no livro de antologia “Crônicas da Fantasia”, organizada por Cristiano Rosa, Editora Literata.  Recentemente teve o conto "Mal du Siècle" publicado na antologia "Devaneios Improváveis - Segunda Antologia EntreContos", organizada por Gustavo Araujo. O livro pode ser baixado gratuitamente em vários formatos digitais no link:  http://entrecontos.com/2015/03/22/devaneios-improvaveis-segunda-antologia-entrecontos/

Fonte: Jornal "13 News"